sábado, 24 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal

              

     
                                                                 FESTA DE NATAL
                          (Sociedade Espírita de Tours, 24 de dezembro de 1862. - Médium, Sr. N...)

   Esta noite que, no mundo cristão, se festeja o Nascimento do Menino Jesus; mas
vós, meus irmãos, deveis também vos rejubilar e festejar o nascimento da nova Doutrina
Espírita. Vê-la-eis crescer como essa criança; virá, como ela, esclarecer os homens e lhes
mostrar o caminho que devem percorrer. Logo vereis os reis, como os magos, virem, eles
mesmos, pedir a esta Doutrina os recursos que não encontram mais nas idéias antigas.
Não vos trarão mais o incenso e a mirra, mas se prosternarão de coração diante das idéias
novas do Espiritismo. Não vedes já brilhar a estrela que deve guiá-los? Coragem, pois,
meus irmãos; coragem, e logo podereis com o mundo inteiro celebrar
regeneração da Humanidade.

   Meus irmãos, por muito tempo guardastes em vosso coração o germe dessa doutrina;
mas hoje eis que ele aparece à luz com o apoio de um tutor solidamente plantado e
que não deixará curvar seus fracos ramos; com esse apoio providencial, crescerá dia a
dia
então, apresentai-lhes esse fruto, e exclamai do fundo do vosso coração: "Vinde, vinde
partilhar conosco o que alimenta o nosso espírito e alivia as nossas dores físicas e morais."

   Mas não esqueçais, meus irmãos, que Deus vos fez levantar o primeiro germe; e esse
germe cresceu e se tornou já uma árvore própria para dar seu fruto. Restar-vos-á alguma
coisa, são esses caules que podereis transplantar; mas antes, vede se o terreno ao
qual confiais esse germe não esconde, sob seu leito aparente algum verme roedor que
poderia devorar o que vos confiou o Mestre.
a grande festa dae se tornará a árvore da criação divina. Dessa árvore recolhereis frutos que não conservareis só para vós, mas para vossos irmãos que terão fome e sede da fé sagrada. Oh!

Assinado:


Fonte: Revista Espírita, abril de 1863.

SÃO LUÍS.

                                                             
                                   
 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aniversário de Amélie Gabrielle Boudet




Hoje, dia 23 de Novembro, comemoramos o aniversário de Amélie-Gabrielle Boudet, a esposa de Allan Kardec. Em homenagem à Madame Rivail, o blog História do Espiritismo apresenta um texto contendo um resumo da sua vida, bem como vídeo produzido pela TV mundo Maior.





Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês - o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795.

Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.

A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais.

Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1a. classe.

Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: "Contos Primaveris", 1825; "Noções de Desenho", 1826; "O Essencial em Belas Artes", 1828.

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro.

Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França.

Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.

À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, freqüentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos.

"Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor" - disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas.
Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail bi-semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no "Liceu Polimático" que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxilio eficiente e constante de sua dedicada consorte.

Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie ( que com ambos privara ) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa.

Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória.

O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma.

A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.

O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das "mesas girantes", então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.

Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.

Sem dúvida, os espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem.

O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!

Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o. de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da "Revue Spirite", periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.

Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires n. 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas". Mais uma obra de grave responsabilidade!

Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício.

Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de idéias de que se teve notícia nos meados do século XIX.

Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire.

Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: "A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida."

Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.

Uma série de viagens ( em 1860, 1861, 1862, 1864, etc, ) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as idéias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.

Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.

No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: "Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido."

Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.

Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos mas sinceros, anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec.

Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de Março de 1870 , e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas", discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos.

Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos plano futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma "Caixa Geral do Espiritismo", cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.

Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento.

Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.

Se Madame Allan Kardec - conforme se lê em Revue Spirite de 1869 - se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.

Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em "Revue Spirite" de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a "Sociedade Anônima do Espiritismo".

Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da "Revue Spirite", a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.

Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo.

Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.

Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembléia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec", satisfazendo com isso a gregos e troianos.

Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.

A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme.

Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que "sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria".

Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância.

Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março.

Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET - VEUVE ALLAN KARDEC - 21 NOVEMBRE 1795 - 21 JANVIER 1883.

No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da "Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec", Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da "Sociedade Científica de Estudos Psicológicos", e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio.

A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado.

No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec.

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a "Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec". Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras.

Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua...

Fonte: http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=27

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Carta de Allan Kardec a Eugène Nus

   Neste dia 3 de Outubro de 2011 comemoramos o 207º aniversário de nascimento de Allan Kardec. Em homenagem a este dia tão significavo, o Blog História do Espiritismo apresenta mais uma correspondência inédita de Allan Kardec, desta vez endereçada ao literato Eugène Nus e publicada pela revista Reformador no início do século XX.



   Venho agradecer o mimo que tivestes a bondade de me fazer, enviando-me a bela e sábia obra: Les Grands Mystères, e muito penhorado me sinto pelo testemunho de simpatia que nele se acha expresso.
    Não pude ler ainda senão uma parte, mas isso me basta para apreciar-lhe o alcance e não duvido nela encontrar preciosos documentos.
   Permite-me que vos ofereça, por minha vez, a última obra que acabo de publicar: O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo.
   Muito senti não estar em casa quando vos deste ao trabalho de me procurar: teria tido o prazer de vos conhecer; mas espero que isso não tenha sido senão um adiantamento. Quando puderdes dispor de vosso tempo, às sextas-feiras, de três às cinco horas, podeis estar certo de me encontrar e se desejardes assistir a uma das sessões da Sociedade Espírita, terei muito prazer em vos dar uma carta de apresentação.
   Nossa sessão de amanhã é uma das que admitimos algumas pessoas estranhas.
   Rogo que vos digneis receber a expressão de meus mais distintos sentimentos.
                                                                                                                                  Allan Kardec

Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador no ano de 1917, página 285.

sábado, 17 de setembro de 2011

Influencia do Espiritismo no Pensamento de Intelectuais Porto-Riquenhos

Navegando pela internet, encontrei um interessantíssimo documentário relatando a influência do Espiritismo na cultura, na política e no pensamento de alguns intelectuais porto-riquenhos.

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Resgate Histórico - Carta de Allan Kardec a propósito da Humildade


Continuando com a série de correspondências inéditas de Allan Kardec publicadas pela revista Reformador no início do século XX, o Blog História do Espiritismo apresenta uma nova correspondência de Allan Kardec.


Carta de Allan Kardec a propósito da Humildade
Sr. ,(1)
   Recebi a carta que me fizestes a honra de escrever e à qual não foi possível ainda responder por minha culpa; mas nestes últimos tempos minhas ocupações têm sido tão multiplicadas, que minha correspondência, que é muito numerosa, tem sofrido muito. Declaro-vos francamente, Sr., não ter bem compreendido o objeto de vossa carta, que não me parece ter relação direta com os trabalhos que me ocupo. Não vejo, pois, que responder-lhe senão que pareceis rebaixar-vos muito; não é preferível a humildade exagerada a um orgulho deslocado. Ignoro se conheceis a doutrina espírita: ela nos ensina que os sentimentos do coração somente nos elevam aos olhos de Deus, que não tem em conta alguma o nascimento ou a posição social. O Cristo no-lo provou nascendo de pais pobres, em um estábulo.
   Os homens, sem dúvida, não julgam todos sob esse ponto de vista; mas se para muitos o prestigio da fortuna e do nascimento é uma medida de sua estima, nós vemos, entretanto, cada dia, graças ao progresso das idéias, caírem as barreiras levantadas pelos prejuízos. A primeira de todas as aristocracias que se formou é a da força brutal; a do nascimento acompanhou-a; depois veio a do dinheiro; a da inteligência começa; mas a mais legítima de todas, a única reconhecida por Deus é a da virtude, porque a única cujos méritos nos acompanham além do túmulo: é seu reino que a doutrina espírita prepara. Se quiserdes estudar seriamente essa doutrina, eu vos aconselho a fazê-lo no ponto de vista moral e filosófico; é nesse sentido que ela oferece inesgotáveis tesouros ao observador consciencioso.
Aceitai etc.
                                                                                                          Allan Kardec

(1) O nome do destinatário não foi conservado.

Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador em 1914, página 322.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Divulgação de Livro: Unir para Difundir



A obra narra o percurso da origem e do desenvolvimento do Espiritismo, da Europa ao Brasil, destacando que sua consolidação no cenário nacional incidiu mais em sua vertente religiosa, comparativamente às científica e filosófica, pois encontrou na premissa ‘fora da caridade não há salvação’ o elemento ideal para se implantar e ser reconhecida no país, fazendo adeptos e simpatizantes. Relata a importância das Federativas no país, as quais tiveram papel preponderante na construção da identidade da Doutrina Espírita, auxiliando-a para torná-la mais aceita e mais presente. Mostra, entretanto, que as Federativas, ao divergirem do censo (IBGE) sobre o número oficial de adeptos no país, enviam para a sociedade uma imagem irreal da situação no país, tomando como base a maior exposição midiática da doutrina nos últimos anos e o número de frequentadores dos centros espíritas que buscam os inúmeros serviços que estes prestam à comunidade, o que não necessariamente os fazem adeptos. A controvérsia em torno deste assunto – fazer ou não adeptos – se explica porque, para alguns, a adesão à Doutrina Espírita deve ser qualitativa e não quantitativa. O autor fundamenta esta discussão através da Teoria da Escolha Racional, de cunho sociológico, que explica os motivos pelos quais uma pessoa adere ou não a determinada religião, discutindo ainda quais são os impactos – negativo e positivo – ocasionados pelas Federativas e como estas afetam o desenvolvimento da Doutrina Espírita. Finaliza a obra mapeando as cidades brasileiras com maior número de adeptos, destacando em todo o país a cidade de Franca/SP, que, além de forte presença da doutrina em sua sociedade, ocupando diversos espaços geográficos, mantém diversas instituições espíritas (hospital psiquiátrico, escola, educandário, teatro), além de que, desde os primórdios do Espiritismo nesta cidade, estabelece forte vinculação com a Federativa, em destaque a estadual USE- União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, destacando a importância e o papel das Federativas para Unir e difundir o ideal espírita no país.

Nota do Blog: para adquirir este excelente livro, entre em contato com o CCDPE-ECM pelo telefone: (11)5072-2211 ou pelo e-mail: contato@ccpde.org.br


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Carta de Allan Kardec a Théophile Gautier

                                                             (Théophile Gautier por Félix Nadar - 1856) 


Dando seguimento à série de correspondências inéditas de Allan Kardec, o Blog História do Espiritismo apresenta uma carta de Allan Kardec dirigida ao importante escritor francês Théophile Gautier (1811 – 1872), autor do romance Spirite (ver comentários de Kardec a respeito do romance na Revista Espírita de dezembro de 1865 e março de 1866).


Paris, 12 de junho de 1857.
Senhor,
   Peço-vos que aceiteis a homenagem de um exemplar de O Livro dos Espíritos, que acabo de publicar.
   O ponto de vista novo, eminentemente sério e moral, sob o qual a doutrina dos Espíritos é encarada, explica o interesse que ligo a essa questão, ao mesmo tempo de futuro e de atualidade e ao qual creio que não sois estranho.
   Notareis, sem esforço, o passo imenso que esta teoria deu desde as mesas girantes; não se trata mais, com efeito, hoje, de fenômenos de simples curiosidade, mas de um ensinamento completo dado pelos próprios Espíritos sobre todas as questões que interessam a humanidade e que elevo á altura das ciências filosóficas.
   A aprovação de um homem como vós, ser-me-ia infinitamente preciosa, se tivesse a felicidade de obtê-la.
   Peço-vos que digneis receber a expressão de minha mais alta consideração.

                                                                                                                   Allan Kardec.
   
Rue des Martyrs, 8.



Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador em 1917, página 268. Tradutor desconhecido.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais uma correpondência inédita de Sardou



Dando continuidade à série de correspondências inéditas de Allan Kardec (ou direcionadas a ele) que foram publicadas pela revista Reformador no início do século XX, apresento mais uma carta de Victorien Sardou direcionada a Allan Kardec:

Caro Sr. Rivail.
Meu primo du Counet apresenta-me o Dr. B..., que tratou de Rachel até a sua última hora e pede-me que lhe facilite o estudo do Espiritismo. O Dr. tem visto muitos fatos de magnetismo e de sonambulismo; meu primo aconselhou-o a ler O Livro dos Espíritos e esta leitura produziu uma viva impressão no espírito do doutor; uma longa conversa que tive ontem com ele provou-me que está nas melhores disposições para entender os fenômenos espíritas. Venho, pois, pedir-vos para terdes a bondade de admiti-lo em vossa sessão de terça-feira. Se acolherdes o meu pedido, que é o do doutor, não tendes resposta a dar-me, em virtude do provérbio: - quem cala consente etc., etc.
                                                                                                                Victorien Sardou


Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador em 1914, página 321 e 322. Tradutor desconhecido.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Evento de lançamento do livro "A Temática Espírita na Pesquisa Contemporânea


Conteúdo do livro:

- Satisfação, desligamento e sofrimento de voluntários espíritas. Jáder dos Reis Sampaio, Dr.

- Projeto de 1868: A Proposta de Kardec para a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas analisada sob a perspectiva das práticas atuais de governança  corporativa. Marco Milani, Dr.

- Uma estratégia para a construção autoral na psicografia. Alexandre Caroli Rocha, Dr.

- Bergson e o Espiritismo: a evolução do princípio espiritual. Astrid Sayegh, Dra.

- Allan Kardec e o desenvolvimento de um programa de pesquisa em experiências psíquicas. Alexander Moreira-Almeida, Dr., Klaus Chaves Alberto, Dr.

- Anália Franco e sua ação sócio-educacional. Samantha Lodi, Mestre.

- Inácio Ferreira: a institucionalização da integração entre psiquiatria e espiritismo. Angélica A. Silva de Almeida, Dra.

- A ética da Psicologia e a religiosidade do psicólogo. Ercília Zilli, Mestre

- A cultura espírita no Rio Grande do Sul através do jornal “A Evolução”.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carta de Victorien Sardou a Allan Kardec

  
Hoje, dia 18 de abril, comemoramos 154 anos do lançamento de O Livro dos Espíritos. Em  homenagem a este dia tão importante o Blog História do Espiritismo apresenta uma correspondência inédita do importante dramaturgo francês Victorien Sardou dirigida a Allan Kardec. Esta correspondência faz parte da série de correspondências inéditas de Allan Kardec que foram publicadas pela revista Reformador no início do século XX.
  
   Carta de Victorien Sardou a Allan Kardec
  

   Agradeço-vos, Sr., a presteza que empregastes em me remeter O Livro dos Espíritos.
   Eu tinha ânsia de lê-lo e deixei de lado todas as ocupações para entregar-me a essa leitura. Já cheguei quase no fim e posso desde já formular minha opinião sobre essa obra:
   É o livro mais interessante e mais instrutivo que tenho lido. É impossível que ele não tenha grande repercussão: todas as grandes questões da metafísica, de moral, ali estão elucidadas de maneira mais satisfatória: todos os grandes problemas ali são resolvidos, mesmo aqueles que os mais ilustres filósofos não resolveram: é o livro da vida, é o livro da humanidade.
   Recebei, Sr., meus cumprimentos pela maneira como classificastes e coordenastes os materiais fornecidos pelos próprios Espíritos: tudo é perfeitamente metódico, tudo se encadeia bem e vossa introdução é uma obra prima de lógica, de discussão e de exposição.
   Recebei Sr.        
                                                                                                                Victorien Sardou.

Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador em 1914, página 321. Tradutor desconhecido.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Resgate histórico - Carta de Allan Kardec a um Prisioneiro



Em dezembro de 1913, a Revue Spirite (na época dirigida por Paul Leymarie) e a revista brasileira Reformador passaram a publicar em conjunto algumas correspondências inéditas de Allan Kardec.  Pensava-se em publicá-las em ordem cronológica entre os anos de 1858 a 1869, porém a publicação foi interrompida por causa da Primeira Guerra Mundial (ver Reformador de 1974, página 261). O Blog História do Espiritismo está resgatando essas correspondências e passará a apresentá-las para o movimento Espírita.

Carta de Allan Kardec a um prisioneiro
   Sr., Recebi a carta que me escrevestes e à qual sinto que as ocupações não me tenham permitido responder mais cedo. Apesar de meu silencio não podeis duvidar de todo o interesse que tenho em vossa situação, sendo, sobretudo, os excelentes sentimentos de que estais animada e nos quais, graças à nova luz que se fez para voz, não duvido que persistais. Continue, pois, a vos esclarecer, tanto quanto vossa posição o permite e encontrareis nessa santa doutrina e nos conselhos de vossos guias espirituais, as forças necessárias para resistir aos maus arrastamentos e a expiação terrestre aceita por vós com resignação cristã vos libertará das provas de outro modo muito penosas, que teríeis de sofrer sem volta sincera para Deus.
   Imaginai que nunca é muito tarde para voltar ao bem e que Deus aceita todos os arrependimentos que partem do coração. Ele recebe com alegria a ovelha desgarrada que entra no aprisco e é isso sempre motivo de festa entre os Espíritos. Perseverai, pois, e quando deixardes a Terra para entrar em vossa verdadeira pátria, encontrá-los-eis à vossa chegada felizes por vos poderem estender os braços.
   Oh! Então, de que alegria sereis penetrado, quando tiverdes saído do abismo em que alguns passos mais poderiam precipitar-vos, por muito longo tempo, por séculos talvez! Olhai para trás, e vossa vida passada não vos parecerá mais que um mau sonho. Quanto então agradecereis a Deus ter-vos enviado bons Espíritos para vos esclarecer e sustentar!
   É já alguma coisa não praticar mais o mal e arrepender-se do que se fez; mas, para apagá-lo completamente, é preciso fazer o bem; ora, cada alma que tiverdes ajudado a entrar no bom caminho, vos será contada e ajuntará à vossa parte de felicidade futura alguma coisa, porque vos pagará em reconhecimento o serviço que lhe tiverdes prestado.
   Aquele que está sempre pronto a vos ajudar com seus conselhos, Allan Kardec.

Nota do Blog: Esta correspondência foi publicada pela revista Reformador de 1914, paginas 170 e 171. Tradutor desconhecido.
Agradecimento: Nosso sincero agradicimento à bibliotecária Ana Prado, pelo envio deste material.
Outras obras consultadas: Barrera, Florentino - Resumo Analítico das obras de Allan Kardec. Madras, 2003, página 175.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Cairbar Schutel - O Bandeirante do Espiritismo


(Cairbar Schutel)



Navegando pela internet, encontrei um interessante documentário contando a vida de Cairbar Schutel, o bandeirante do Espiritismo no Brasil. O documentário foi produzido pela extinta TV Morada do Sol, de Araraquara, São Paulo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Primeiro Encontro de Léon Denis com Allan Kardec

                                                     (Léon Denis)

Eduardo Carvalho Monteiro

 
Havia apenas três anos que Léon Denis se iniciara no Espiritismo quando, em 1867, Allan Kardec aceitou um convite para pronunciar uma conferência em Tours. Léon Denis teve então a oportunidade de se entrevistar com o Codificador na quinta de Leandre Rebondin, que hospedava o casal Rivail, conforme descreve o próprio Denis:

Alugáramos para recebê-lo e ouvi-lo, uma sala na Rua Paul Louis Courrier e pedíramos a necessária autorização à Prefeitura pois, durante o Império, uma severa lei proibia qualquer reunião de mais de vinte pessoas. Acontece que no momento fixado para essa assembléia fomos informados de que o nosso pedido fora indeferido. Encarregaram-me então de permanecer no local a fim de avisar os convidados de que deviam dirigir-se a Spirito-Villa, a casa do senhor Rebondin, na rua Sentier, onde a reunião se iria realizar no jardim. Éramos aproximadamente trezentos ouvintes, em pé, apertados de encontro às arvores. Sob a claridade das estrelas, a voz doce e grave de Allan Kardec fazia-se ouvir; podia-se ver a sua fisionomia, iluminada por uma pequena lâmpada colocada sobre uma mesa no centro do jardim, proporcionando um aspecto fantástico. Foram-lhe postas várias perguntas e ele respondia com bondade, sorridente... As flores do senhor Rebondin ficaram destruídas, mas o importante foi o sucesso daquela noite...lembrança perpétua e indelével. Falou-nos sobre a obsessão e várias questões lhe foram postas, às quais respondeu sempre bondosamente. Terminada a reunião, todos levaram inefáveis recordações desse memorável encontro.

No dia seguinte, voltei a Spirito-Villa, a fim de visitar o Mestre; encontrei-o trepado numa escada, ao pé de uma grande cerejeira, apanhando os frutos que deitava a madame Allan Karde.Uma cena bucólica que o distraía das suas graves preocupações.

No seu artigo “História do Desenvolvimento do Espiritismo em Tours”, Denis completa a informação dos seus contactos com o mestre de Lyon: Eu vi-o mais duas vezes depois da sua viagem a Tours: na sua residência na Rua Saint Anne, em Paris, e pela última vez em Bonneval, na quinta Petit Bois, onde os espíritas do Eure-et-Loire e Loire-et-Cher estavam reunidos para ouvir os seus discursos e confraternizarem. No ano seguinte, em 1869, morria ele subitamente pela ruptura de um aneurisma.

A Rua Sentier, em Spirito-Villa, tornou-se um lugar importante e histórico para o Espiritismo, pois foi onde aconteceu a primeira conferência espírita à luz das estrelas, e onde se deu o primeiro dos três encontros que Léon Denis teve com Allan Kardec.

Esta importância histórica levou-nos a conhecer o local no ano 2000. O que era uma quinta, em cujo jardim puderam instalar-se 300 pessoas, conforme relata Denis, foi dividida em lotes ainda naquela época, e hoje abriga casas centenárias muito bem cuidadas pelos seus moradores. Uma pequena rua só para peões, dá entrada a Spirito-Villa, a qual percorremos emocionados. Escolhemos uma casa com um vasto jardim, que imaginamos ser uma parte daquele pisado por Allan Kardec para a sua conferência e, com um pouco de receio, tocamos a campainha. Um jovem atendeu e, falando em inglês, pedimos para fotografar o jardim da sua casa, já que éramos pesquisadores e escritores brasileiros e ali, há mais de 130 anos, dera-se um acontecimento muito importante para nós. Confessamos que tínhamos receio de sermos mal recebidos, perante a inusitada história contada. Porém, para surpresa nossa, o jovem André, muito gentil, franqueou-nos a entrada e foi chamar a sua simpática avó, Madame Madeleine Renaud que, além da sua amizade, nos ofereceu uma cópia dos documentos da propriedade, datados de 1840 e autenticados com o selo em branco de Napoleão. Não há dúvida que um documento como este pode não representar quase nada para a história do Espiritismo, mas a fidalguia e a amizade com que aquela família de Tours nos recebeu e confiou nos motivos pelos quais dois desconhecidos, que não falavam a sua língua, lhes bateram à porta, foi quase tão emocionante como pisarmos aquela terra em que sabíamos que dois gigantes do pensamento humano tinham deixado as suas marcas há mais de cem anos. Foi, pois, com os olhos nublados e a recordar a descrição de Léon Denis do seu encontro com o mestre, que passamos alguns minutos naquele jardim, fazendo uma sentida prece e tentando transportar a nossa mente para o distante ano de 1868, para ouvir os ecos das palavras do mestre sob a luz da lamparina e tendo por teto a abóbada celeste. Parecia que a terra ainda guardava a doçura das cerejas caídas aos pés de Amélie Boudet e que o farfalhar das folhas secas, denunciando a chegada do jovem Léon Denis atrasado para o início da reunião, ainda era ouvido pela nossa fantasista audição. E o mesmo sentimento bucólico que Denis viu naquela cena, ele no-lo emprestou, e a nossa imaginação voou alto, muito alto...

Aos privilegiados trezentos ouvintes daquela memorável conferência, somara-se mais um...

Fonte: http://www.geb-portugal.org/Admin/Ficheiros/oencontr369.pdf

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Blog História do Espiritismo Divulgado


A Revista Espírita Histórica e Filosófica, de Porto Alegre, vem nos brindando com excelentes matérias de conteúdo doutrinário e resgate histórico do Espiritismo a cada número que publica. Em sua última edição (edição de número 9), a revista divulgou nosso Blog e publicou uma entrevista nossa. Eis a entrevista na integra: 

REHF - Como surgiu a idéia do Blog?
FELIPE - Desde o meu primeiro contato com a internet que eu a utilizo para estudar o Espiritismo e para buscar registros da história do movimento espírita no mundo. Aprendi muito e também consegui muitas informações preciosas, graças ao esforço de pessoas que procuraram compartilhar seus conhecimentos através da internet. A idéia do blog surgiu quando eu me dei conta de que eu também poderia compartilhar os meus conhecimentos com outras pessoas através da internet.

REHF - Qual a importância da internet na divulgação do Espiritismo?
FELIPE - Uma importância enorme.  A internet é hoje uma das ferramentas mais utilizadas do mundo e serviu para minimizar as distâncias que existem entre os países. Os espíritas não podem ficar negligentes a este fato. Pode-se, portanto, fazer com que a internet seja uma excelente ferramenta para divulgar o Espiritismo para o mundo todo. Contudo, acredito que seja importante fazer um alerta: nem tudo aquilo que se apresenta como sendo espírita o é de fato. É importante ser bastante criterioso antes de aceitar que determinada informação seja uma legítima informação de conteúdo espírita. Não há outra maneira de se adquirir tal critério que o estudo constante das obras de Allan Kardec.

REHF - Por que elegeu a história em teus trabalhos espíritas?
FELIPE - Me apaixonei pela história muito cedo. Lembro-me até hoje do conteúdo de algumas aulas de história que eu tive no primário. Quando eu contava com dezoito anos de idade,  li o livro “A História do Espiritismo” (The History of Spiritualism, título original), de Arthur Conan Doyle e passei e me interessar também pela história do Espiritismo. Desde então tenho procurado conhecer tudo o que já foi escrito a respeito do tema.

REHF - Quais os projetos que está desenvolvendo para o futuro do blog?
FELIPE - Pretendo que o conteúdo do blog possa abranger a maior parte dos lugares onde o Espiritismo se fez presente no passado. E ainda, norteado por uma sugestão de Allan Kardec publicada na Revista Espírita de 1864, pretendo discorrer sobre as causas que puderam favorecer ou retardar o desenvolvimento do Espiritismo nesses locais.

Nota do Blog:

Nossos sinceros agradecimentos aos amigos Cristian Macedo (historiador) e Maria Carolina Gurgacz (editora da revista) pela divulgação e pela entrevista. Quem quiser adquirir a revista na integra ou fazer uma assinatura, entre em contato com Maria Carolina Gurgacz pelo e-mail:  filosofiaespirita@gmail.com. Conheçam também o site: http://revista.filosofiaespirita.com/